Pelos 50 anos da sua carreira, que alguns resolveram lembrar-se.
O jornal Hardmusica publicou uma notícia, a qual volto a publicar neste blogue, para dela ter sempre registo.
Passando ao lado da comum retrospectiva da sua carreira, prefiro aqui deixar uma sincera homenagem com um fado.
O registo da voz de Ada de Castro sempre me agradou tendo sempre feito parte dos meus favoritos. Soube, através de uma fonte inesperada, que Ada de Castro, antes de se profissionalizar, cantava muitos fados da Hermínia Silva. Diziam até que as suas vozes eram parecidas. Na minha opinião, não diria tanto pela voz, mas pela forma de cantar, pelo repertório escolhido, pelo sentimento dedicado, pela garra e a raça fadista, castiça e bairrista. Sim, não me admira que isso seja idêntico e transmissível. Gostava de ver mais gente nessa sincronia. Também me disseram que era uma apaixonada pela voz de Maria Teresa de Noronha. Uma mulher de bom gosto, portanto.
Fadinhos como “Não me Atires Poeira aos Olhos” caem-me no colo em alturas que até parece que adivinham... É que é engraçado quando sentimos que alguém insiste em atirar-nos poeira aos olhos mas, por alguma intempérie momentânea, um ventinho sopra, e lá vai a areia direccionada para outro lado qualquer (ou para os olhos de outra pessoa, o que até tinha alguma piada). Para os meus olhos vão apenas as verdades que a noite encobre (onde é que já ouvi isto?:]), as realidades que se pressentem, as expressões que se vislumbram, os sentimentos cuja condição é realmente precária, como é toda uma vida no tempo presente, ainda mais do que antes.
Enfim, não deixa de ter a sua graça ver a ingenuidade com que me atiram poeira aos olhos. E eu a vê-la passar também não sou diferente...
Vai um fado e um tinto, para esquecer o dissabor.
Desejo bom resto de Sábado a todos, em especial à Dª Ada de Castro, que não merece estar envolvida nas confissões de uma fadistona chorosa.
Ada de Castro canta
Não me Atires Poeira aos Olhos (António José, Nóbrega e Sousa)
Ada de Castro fala de si e do FadoHardmúsica, 13 MAR, 2010 por Zita Ferreira Braga
Ada de Castro mora em Lisboa, mais exactamente em Campo de Ourique mas não é aqui que tem as suas raizes. Nasceu no Castelo, perto de Alfama, berço de muito Fado e de muitos que o cantam.
"Sou uma mulher simples que ama o Fado e que tudo tem feito para o cantar bem. Sou das fadistas castiças que cantam com voz velada e um cheirinho de rua".
E Ada continua a descrição do que tem sido a sua vida de fadista:"Cantei a primeira vez como profissional no Faia, que era do pai do Carlos do Carmo, um homem muito simpático. Gostaram muito de mim e fui continuando a cantar. Só canto fados meus. Também apadrinhei muitas marchas sempre diferentes e foi sempre uma coisa de que gostei muito".
E Ada continua a falar embalada pelas recordações mas sem qualquer laivo de melancolia: " sabe para mim há uma figura máxima no Fado, a Maria Severa, e a partir daí vem Amália e depois vêm mais umas outras. Por exemplo fala-se pouco de Hermínia Silva uma pessoa que fez parte da minha vida porque a minha avó foi sua contemporânea e falava-se muito dela. Mas este país esquece os grandes artistas. Veja a Laura Alves. Ninguém fala dela e foi uma das melhores actrizes portuguesas".
Aqui o Hardmusica decidiu perguntar-lhe se se considera uma Diva uma vez que está incluida no rol das divas agora editado pela Fonoteca: " de modo nenhum. E penso que não há divas no Fado. Diva para mim é talvez a Maria Callas na ópera, a Piaff na canção. Diva é uma nome que não se aplica ao Fado e a haver seria a Severa."
Perguntámos a Ada de Castro como via ela o papel do Museu do Fado no panorama artístico actual mas a fadista não quiz adiantar muito sobre esta questão embora seja um local onde vai sempre que é solicitada.
"Ada de Castro, acha que lhe vão fazer uma festa como têm feito a outras colegas?"
Resposta imediata " Não". Com mais calma elucidou: "Mas se me quiserem fazer eu vou com toda a certeza. Mas ser eu a pagar para ter uma festa isso não!"
Mas esta fadista tem um talento em que a voz não entra: gosta de pintar. Autodidacta, recusa-se a ter lições porque "gosto de pintar o que quero, como quero e quando quero e se tivesse lições perdia a espontaneidade que ponho nas minhas pinturas"
Ada de Castro faz neste sábado, 13 de Março, 50 anos de actividade artística como fadista.
Cantou em várias casa de fado e actuou em inúmeras casas de espectáculo do país.
Visitou profissionalmente vários países, tendo actuado quer ao vivo quer nas televisões dos mesmos: Espanha, Dinamarca, Suécia, Bélgica, Holanda, Japão, China, França, Itália, Brasil, Argentina, Uruguai, EUA, Canadá e toda a antiga África Portuguesa, foram locais onde deixou a sua voz e o seu Fado.
No Mónaco actuou nos jardins do palácio Grimaldi para toda a família do príncipe Reinier incluindo a princesa Grace.
No Brasil actuou em todos os Estados da Federação a convite do Governo Brasileiro, isto em 1968.
Gravou para várias editoras, não só em Portugal mas também no Brasil e Holanda, detendo entre fados e marchas um total de 550 números gravados.
São inúmeros os prémios recebidos como em 1962, o óscar pela melhor fadista, prémio RTP, outro óscar em 1968 como melhor fadista do ano, em 1964 um elefante de ouro,em 1982 mais um óscar como melhor fadista do ano e por aí adiante.
Um pormenor que Ada conta com muita graça: "Veja só. Sou do Benfica e tenho uma placa de agradecimento do Sporting". E lá estava ela!Links:
http://www.hardmusica.pt/noticia_detalhe.php?cd_noticia=4620Biografia:
http://jsilva.bloguedemusica.com/r296/Ada-de-Castro/http://www.portaldofado.net/content/view/1363/67/Fados:
http://fadocravo.blogspot.com/2008/11/ada-de-castro-cigano-ou-troca-por-troca.htmlhttp://lisboanoguiness.blogs.sapo.pt/76350.html