segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Reedição de 12 fados de Maria da Conceição em formato digital

Boas notícias, com excelente sentido de oportunidade.
Sempre ajudam a esclarecer.
O lançamento ficou a cargo da etiqueta Estoril que, juntamente com outros, dedica-se habilmente a fazer-nos recordar grandes vozes do passado. Veja-se o caso de Berta Cardoso.
Agora, também a maravilhosa voz de Maria da Conceição estará disponibilizada em formato digital, de grande utilidade para a divulgação mais "mainstream" do fado... porque toda a gente sabe que o vinil não é para todos, ora bem. "Mainstream´" é que a voz de Maria da Conceição não é... apenas o formato digital; no entanto, deseja-se fervorosamente que isto ajude a esclarecer algumas mentes, no que respeita à boa arte de designar autorias, recorrendo a factos, preferencialmente, e não à criatividade.
É ponto assente que não existem muitos ouvintes que tenham interesse nesta coisa das autorias. Se ouvem Amália Rodrigues, porque são os fados que estão mais à mão e, fazendo eles todo o sentido na sua voz, não têm tendência para procurar quais foram as primeiras vozes a difundi-los, nem que o tenham sido apenas ("apenas" e, também, "não só") em solo nacional. Nem vozes e nem autores!
No conjunto de 12 fados apresentados nesta reedição, segundo o jornal Sol, constam "Mãe Preta" e o conhecido "Casa Portuguesa", cantados pela voz que lhes deu corpo em primeiro lugar. Outras gravações de 1958 são recuperadas daquele que foi um repertório de "fado tradicional" e "fado com refrão".
O fado "Mãe Preta", da autoria de Caco Velho e Piratini, tornou-se conhecido por "Barco Negro", a mesma música mas com outro poema, da autoria de David Mourão-Ferreira, que se corporizou na profunda voz de Amália Rodrigues, atravessando o Mundo com ele, materializa-se agora na voz de Maria da Conceição (e sem censura...). O fado "Casa portuguesa", da autoria de Reinaldo Ferreira e Artur Fonseca, trouxe-o Maria da Conceição aquando do seu regresso de Angola e marca também presença neste conjunto de 12 fados.
Fados para recordar, cuja voz que os eleva (ou enleva) caiu no esquecimento geral, como o Fado, 'tá visto, que perdeu a abrangência que outrora teve, resumido como está, na memória colectiva, em menos de meia dúzia de nomes. É lá isto a Canção Nacional...

6 comentários:

  1. Obrigada pelo link ao meu sítio, Comadre!
    Pois é, Fado é mais que Amália!... e, olhe, se há alguém que ame essa Amália, esse alguém sou eu! Mas Amália não esgota o Fado nem o Fado se esgota em Amália... Tanto/as o/as fadistas de primeiríssima água que têm servido o Fado! Alguns já tenho lembrado no meu blog, outros serão...
    Saudações Fadistas
    MLeiria

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  2. De facto fado não é só Amália, mas muitos que não gostam de fado gostam de ouvir a Amália. Lá por alguma razão terá de ser. Ela tem essa magia. Confesso que é difícil não estabelecer comparações, mas uma vez que uma pessoa vá ouvindo o contributo de todos os outros maravilhosos fadistas, logo se esquece desse pormenor. O fado não é exclusivo de uma pessoa, embora ela seja uma pessoa exclusiva.
    Eu, aliás, até tenho outra preferida, e toda ela é um pouco o universo deste blogue.
    Lembrar o fado e todos os grandes fadistas é praticamente caso de urgência nacional, culturalmente falando, claro.
    Obrigada pelo seu comentário.

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  3. Obrigado pela informação.
    Trazer ao conhecimento actual as grandes e desconhecidas vozes do passado, é mostrar que para se ser fadista não é necessário tentar imitar ninguém...

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  4. Para mim é evidente que não é necessário imitar ninguém. É necessário manter o carácter, a unicidade e o espírito. E se são coisas difíceis de manter para alguns! Infelizmente muitas vezes são esses que acabam esquecidos. Acredito que exista sempre alguém que de dedique a recuperar essas valiosas vozes do passado que contribuíram para a definição do Fado.
    Obrigada pela visita e pelo comentário, José.

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  5. Olá
    descubro o seu blog com imenso interesse e felicito-a pelo sóbrio e interessante conteúdo. Dei uma voltinha pelo web à ver onde poderia comprar o disco da Maria da Conceição assim como descobrir mais um pouco sobre esta voz do passado. Infelizmente sem grande sucesso. Mas não desisto, claro.
    Até breve
    Armando

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  6. Olá Armando! Obrigada pelo seu comentário e pelo elogio, que muito apreciei. Realmente poderá encontrar na net algumas referências ao álbum de Maria da Conceição, que teve uma divulgação positivamente fora do comum.
    Pode adquirir o CD na Discoteca Amália ou no Museu do Fado.
    Cumprimentos e volte sempre.

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