domingo, 5 de julho de 2009

LISBOA ANTIGA



Um dos mais conhecidos fados sobre Lisboa – Lisboa Antiga – é um dos meus preferidos sobre a nossa linda cidade. Felizmente a história do fado bafeja-nos com poemas de qualidade inquestionável acerca da cidade de Lisboa, de uma rua ou de um bairro. O fado fala a estes sítios e é neles que, na maioria das vezes, acontece. Acontecer fado ao visitar um local não significa só estar a ouvir fado ou ir ouvir fado. Passear nestas ruas imortalizadas por estes poemas é Fado já de si. Apenas é necessário sentir.
Existe no You Tube um vídeo extraído de um programa da RTP, datado de 1981, em homenagem a Raul Portela. Considero este documento bastante importante porque tem uma introdução em que Beatriz Costa conta como surgiu a proposta para a criação deste fado-canção e como surgiu Hermínia Silva a cantá-lo.
A ideia inicial consistiria num fado destinado à voz de Hermínia. Todavia o Raul Portela decidiu que este fado merecia figurar no contexto de um baile oriental! Não sei como cedeu, mas quando finalmente se ouviu Hermínia Silva a interpretá-lo, Lisboa Antiga fez todo o sentido e tornou-se uma canção fundamental do nosso fado. Foi estreada no Teatro Variedades, em 1932, na revista Pirilau.
Esta maravilhosa canção foi também popularizada pela voz de Amália Rodrigues, tendo feito parte do repertório que levou à casa de espectáculos Olympia em Paris.






Hermínia Silva, Lisboa Antiga


Amália à L'Olympia


LISBOA ANTIGA
(Amadeu Augusto dos Santos/ José Maria Galhardo/ Raul Portela)

Lisboa, velha cidade
Cheia de encanto e beleza
Sempre formosa ao sorrir
No vestir sempre airosa
O branco véu da saudade
Cobre o teu rosto, linda princesa

Olhai, Senhor
Esta Lisboa de outras eras
Dos cruzados, das esperas
E das touradas reais
Das festas
Das seculares procissões
Dos populares pregões matinais
Que já não voltam mais

Lisboa de oiro e de prata
Outra mais linda não vejo
Eternamente a cantar
E a dançar de contente
O teu semblante se retrata
No azul cristalino do Tejo

Olhai, Senhor
Esta Lisboa de outras eras
Dos cruzados, das esperas
E das toiradas reais
Das festas
Das seculares procissões
Dos populares pregões matinais
Que já não voltam mais


Fontes:
Imagem, Bairro de Alfama
Marceneiro, V.D., Recordar Hermínia Silva , Edição de Autor, 2004
antoniomcmoreira

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